ANIMES E A REPRESENTAÇÃO DO ESPECTRO AUTISTA NA MÍDIA: UMA ANÁLISE INTERPRETATIVA DA PERSONAGEM VIOLET EVERGARDEN

Resumo

Este estudo tem como foco a análise da personagem Violet Evergarden, protagonista do anime homônimo, como uma possível representação simbólica de traços associados ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), mesmo sem que a obra atribua um diagnóstico explícito. A pergunta de pesquisa que norteia o trabalho é: Em que medida Violet Evergarden pode ser interpretada como uma figura neurodivergente, e qual o impacto dessa representação para espectadores no espectro autista? O objetivo geral é investigar como a construção narrativa da personagem expressa comportamentos compatíveis com os critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) para TEA. Como objetivos específicos, busca-se: (a) identificar cenas do anime que evidenciem dificuldades de interação social, comunicação emocional e padrões repetitivos; (b) relacionar tais cenas aos critérios clínicos do TEA; (c) discutir o impacto simbólico da personagem sobre espectadores neurodivergentes; e (d) refletir sobre o papel da mídia japonesa na representação de subjetividades atípicas. A metodologia adotada é qualitativa, exploratória e interpretativa, com análise de conteúdo segundo Bardin (2011). A coleta e organização dos dados basearam-se na observação de episódios-chave da série e na categorização dos comportamentos conforme os critérios do DSM-5. As escolhas metodológicas estão sustentadas por autores como Minayo (2001), que destaca o valor da pesquisa qualitativa na interpretação de significados sociais e culturais. Os resultados revelam que Violet apresenta traços como literalidade, rigidez cognitiva, comunicação emocional limitada e hiperfoco em tarefas - comportamentos recorrentes em perfis neurodivergentes. A análise também indica que sua trajetória tem grande impacto sobre espectadores com vivências similares, favorecendo processos de identificação e reconhecimento subjetivo. Assim, conclui-se que Violet Evergarden representa, de forma simbólica e sensível, aspectos da neurodiversidade na mídia contemporânea.