CAFÉS DO BRASIL NO MERCADO DE CARBONO – EFEITOS SOBRE AS DISPARIDADES REGIONAIS
DOI:
https://doi.org/10.56238/revgeov16n5-082Palavras-chave:
Mercado de Carbono, Custo de Transação, Cafeicultura, Disparidades RegionaisResumo
Tendo em vista a implementação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), este artigo analisa como a inserção da cafeicultura no mercado de carbono regulado pode impactar as disparidades econômicas regionais, utilizando o Produto Interno Bruto (PIB) per capita municipal como indicador. Objetiva-se mensurar as diferenças de PIB per capita entre municípios cafeeiros e urbanos e, dentro do universo cafeeiro, entre municípios com diferentes estruturas fundiárias. Para tanto, procede-se à análise estatística comparativa (teste t de Welch, Mann-Whitney) e de regressão linear com dados do IBGE. Os resultados revelam que, embora o comércio de créditos de carbono possa reduzir a desigualdade entre regiões rurais e urbanas (diferença média de R$ 15.127, p < 0,001), ele corre o risco de acentuar disparidades internas, pois municípios com maior predominância de grandes propriedades (>100 ha) já apresentam um PIB per capita sistematicamente superior. O que permite concluir que a regulação do mercado, com foco na redução de custos de transação para incluir pequenos e médios produtores, é crucial para maximizar os efeitos positivos da política e promover um desenvolvimento regional mais equitativo.
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