DESAFIOS PARA AS POLÍTICAS PÚBLICAS NO CONTROLE DA TUBERCULOSE: ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE INDÍGENAS E NÃO INDÍGENAS EM PORTO VELHO, AMAZÔNIA OCIDENTAL, BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.56238/revgeov16n5-133Palavras-chave:
Tuberculose, População Indígena, Políticas Públicas, Vigilância em Saúde, Amazônia OcidentalResumo
A tuberculose (TB) permanece como um grave desafio de saúde pública no Brasil, especialmente nas regiões amazônicas, onde desigualdades sociais, geográficas e culturais agravam o cenário epidemiológico. Este estudo tem como objetivo analisar comparativamente os indicadores de manejo clínico de controle da tuberculose entre populações indígenas e não indígenas residentes em Porto Velho, capital de Rondônia, situada na Amazônia Ocidental, com ênfase nas implicações para as políticas públicas de saúde. Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo, com base em dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), referentes ao período de 2015 a 2023, com um total de N 4.198 (Quatro mil cento e noventa e oito) registros. As variáveis analisadas incluíram forma clínica, exames diagnósticos, coinfecção HIV, desfecho do tratamento e abandono. Os resultados evidenciaram diferenças estatisticamente significativas entre os grupos, com piores indicadores entre os indígenas, especialmente quanto à tuberculose drogarresistente e ao acesso a exames diagnósticos. Tais achados revelam deficiências nos programas de vigilância e atenção à saúde indígena, apontando a necessidade de políticas públicas mais sensíveis às especificidades socioculturais e territoriais dessa população. Conclui-se que o enfrentamento da tuberculose em contextos indígenas exige ações intersetoriais, reforço da atenção básica e efetiva articulação entre os sistemas de saúde indígena e não indígena.
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