EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DAS MÉTRICAS CIENTÍFICAS: DA TRADIÇÃO ESTATÍSTICA ÀS ABORDAGENS CRÍTICAS CONTEMPORÂNEAS
DOI:
https://doi.org/10.56238/revgeov16n5-211Palavras-chave:
Estudos Métricos da Informação Científica, Bibliometria, Cientometria, Avaliação da CiênciaResumo
O processo de institucionalização da ciência configura-se como um fenômeno complexo, marcado por interações entre instituições, comunidades científicas, instrumentos de avaliação e práticas sociais que moldam a produção e a circulação do conhecimento. Nesse contexto, os Estudos Métricos da Informação Científica, especialmente a Bibliometria e a Cientometria, tornaram-se fundamentais para compreender e mensurar a atividade científica. Contudo, para atender às demandas das diferentes comunidades científicas, as concepções e aplicabilidade desses estudos expandiram-se: de uma abordagem puramente estatística a perspectivas histórico-sociológicas, críticas e contextualizadas da mensuração da ciência. O objetivo desse trabalho é suscitar reflexões acerca da evolução epistemológica das métricas tradicionais da informação científica, partindo-se dos primeiros ideais de uma bibliometria puramente estatística até a concepção da Cientometria complexa, contextualizada e crítica. Trata-se de um estudo qualitativo, exploratório, construídao pela revisão narrativa, a partir da contribuição de autores clássicos e contemporâneos da Ciência da Informação, destacando debates sobre legitimidade, impacto, limitações metodológicas e implicações político-epistemológicas das métricas científicas. Conclui-se que a adoção de métricas eficientes requer postura analítica crítica e uma aplicação não padronizada, que considere a heterogeneidade dos campos científicos os riscos de usos inadequados ou reducionistas dos indicadores.
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