DIVERSIDADE, EQUIDADE E INCLUSÃO NAS ORGANIZAÇÕES: UMA ANÁLISE CRÍTICA NO CONTEXTO ANGOLANO
DOI:
https://doi.org/10.56238/revgeov16n4-025Palavras-chave:
Diversidade, Equidade, Inclusão, Cultura Organizacional, AngolaResumo
Este artigo examina a aplicação e os efeitos das práticas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) em organizações angolanas, reconhecendo sua relevância estratégica para a sustentabilidade, inovação e legitimidade institucional. Apesar dos avanços normativos, a realidade angolana ainda apresenta lacunas significativas, resultantes de desigualdades estruturais, fragilidade institucional e práticas organizacionais pouco inclusivas. O estudo teve como objetivo analisar a aplicação da DEI em Angola, identificando políticas formais, avaliando percepções dos trabalhadores, propondo estratégias ajustadas à realidade local e comparando setores público e privado. A pesquisa utilizou um questionário aplicado a 51 trabalhadores, estruturado em cinco seções. Os dados foram analisados por estatística descritiva e análise de conteúdo. Os resultados revelam que a institucionalização da DEI é incipiente: 35% afirmaram não existir políticas formais e 37% desconheciam sua existência; práticas de diversidade e equidade apresentam baixos índices, especialmente na inclusão de pessoas com deficiência e na igualdade salarial. Contudo, os trabalhadores sugerem medidas consistentes, como políticas robustas, formações regulares e valorização de princípios africanos (Ubuntu, Mbongi). Conclui-se que as organizações angolanas estão diante do desafio de superar o modelo reativo, centrado apenas no cumprimento legal, e avançar para um modelo transformador, no qual a DEI seja reconhecida como pilar estratégico para o desenvolvimento sustentável, a justiça social e a competitividade global.
Downloads
Referências
ALCÂNTARA, E. M. S.; PINHEIRO, L.; BUCCO, E. A.; LOPES, P. A. F. Diversidade, equidade & inclusão (DEI): proposição de um modelo conceitual para gestão de pessoas nas empresas. In: ENCONTRO DE GESTÃO DE PESSOAS E RELAÇÕES DE TRABALHO, 8., 2023. Anais... [S.l.]: EnGPR, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.5281/zenodo.8138645.
ANTÓNIO, A. J.; JOSÉ, J. C. A inclusão de alunos com necessidades educativas especiais no ensino básico geral em Moçambique: realidade e desafios. Revista Teias, Ponta Grossa, v. 23, n. 69, 2022. Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/teias/article/view/23720.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011.
BOOYSEN, L. Societal power shifts and changing social identities in South Africa: workplace implications. South African Journal of Economic and Management Sciences, Pretoria, v. 10, n. 1, p. 1–20, 2007.
CHIMPOLO, João Maria Funzi. Gestão do talento humano. 1. ed. Rio de Janeiro: Dois03, 2016.
COX, T. The multicultural organization. Academy of Management Executive, Briarcliff Manor, v. 5, n. 2, p. 34–47, 1991. Disponível em: https://doi.org/10.5465/ame.1991.4274675.
COX, T.; BLAKE, S. Managing cultural diversity: implications for organizational competitiveness. Academy of Management Executive, Briarcliff Manor, v. 5, n. 3, p. 45–56, 1991. Disponível em: https://doi.org/10.5465/ame.1991.4274465.
CRESWELL, J. W. Research design: qualitative, quantitative, and mixed methods approaches. 4. ed. Thousand Oaks, CA: Sage, 2014.
DEAL, T. E.; KENNEDY, A. A. Corporate cultures: the rites and rituals of corporate life. Reading, MA: Addison-Wesley, 1982.
DELOITTE. Diversity, equity, and inclusion: the real power of inclusive leadership. Deloitte Insights, [S.l.], 2020. Disponível em: https://www2.deloitte.com.
DIOP, C. A. L’unité culturelle de l’Afrique noire. Paris: Présence Africaine, 1963.
FERNANDES, A. A. R.; BANDYOPADHYAY, S.; SANGLE, S. Organizational justice and inclusion: perspectives from developing countries. Equality, Diversity and Inclusion: An International Journal, Bingley, v. 40, n. 7, p. 761–777, 2021.
FLEURY, M. T. L. Gerenciando a diversidade cultural: experiência de empresas brasileiras. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 40, n. 3, p. 18–25, 2000.
FLEMING, J.; MCNAMEE, S. The ethics of fairness. Journal of Business Ethics, Dordrecht, v. 56, n. 3, p. 215–227, 2005.
GARDENSWARTZ, L.; ROWE, A. Diverse teams at work: capitalizing on the power of diversity. Alexandria, VA: Society for Human Resource Management, 2003.
HOFMEYR, K.; SHEERAN, P.; NAIDOO, V. Diversity management in Sub-Saharan Africa. In: BENDL, R.; BLEIJENBERGH, I.; HENTTONEN, E.; MILLS, A. (Eds.). The Oxford handbook of diversity in organizations. Oxford: Oxford University Press, 2015. p. 415–437.
INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION. Work for a brighter future: global commission on the future of work. Geneva: ILO, 2019.
KINCHIN, N. More than writing on a wall: evaluating the role that codes of ethics play in securing accountability of public sector decision-makers. Australian Journal of Public Administration, Carlton, v. 66, n. 1, p. 112–120, 2007.
KIVUITU, M.; YAMBAYAMBA, K.; FOX, T. How can corporate responsibility promote development in Africa? London: International Institute for Environment and Development, 2005.
KWONONOKA, J. Cultura organizacional africana e gestão inclusiva. Revista Angolana de Ciências Sociais, Luanda, v. 3, n. 2, p. 55–70, 2015.
MCKINSEY & COMPANY. Diversity wins: how inclusion matters. [S.l.]: McKinsey & Company, 2020. Disponível em: https://www.mckinsey.com.
MUCAVEL, S. Educação inclusiva em Moçambique: desafios e oportunidades. Revista de Educação Africana, [S.l.], v. 15, n. 1, p. 45–63, 2023.
MUNYATI, T. Decolonizing DEI: rethinking inclusion practices in African organizations. African Journal of Management, [S.l.], v. 10, n. 1, p. 88–104, 2024.
MUTHEU, J.; KAMAU, P.; NJOROGE, L. Community participation in diversity and inclusion policies: lessons from East Africa. Journal of African Studies, [S.l.], v. 22, n. 2, p. 110–128, 2024.
NKOMO, S. M.; KRIEK, D. Leading organizational change in the “new” South Africa. Journal of Occupational and Organizational Psychology, Leicester, v. 84, n. 3, p. 453–470, 2011.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Transformando nosso mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Nova York: ONU, 2015.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Paris: ONU, 1948.
REPÚBLICA DE ANGOLA. Constituição da República de Angola. Luanda: Assembleia Nacional, 2010.
REPÚBLICA DE ANGOLA. Lei Geral do Trabalho. Lei n.º 12/23, de 27 de dezembro. Diário da República, Luanda, I Série, n. 241, 2023.
ROBERSON, Q. M. Disentangling the meanings of diversity and inclusion in organizations. Group & Organization Management, Thousand Oaks, v. 31, n. 2, p. 212–236, 2006.
SCHEIN, E. H. Organizational culture and leadership. 4. ed. San Francisco: Jossey-Bass, 2010.
SENGUDO, C. Justiça e imparcialidade na gestão de pessoas: reflexões contemporâneas. Revista Africana de Administração, [S.l.], v. 12, n. 2, p. 160–176, 2023.
SENGE, P. The fifth discipline: the art and practice of the learning organization. New York: Doubleday, 1990.
THOMAS, D. A. Beyond affirmative action: managing diversity for competitive advantage in the 1990s. Harvard Business Review, Boston, v. 69, n. 2, p. 107–117, 1991.
THOMAS, D. A.; ELY, R. J. Making differences matter: a new paradigm for managing diversity. Harvard Business Review, Boston, v. 74, n. 5, p. 79–90, 1996.
TRAORÉ, A. Le viol de l’imaginaire. Paris: Fayard, 2006.
YOUNG, I. M. Justice and the politics of difference. Princeton, NJ: Princeton University Press, 1990.