AUTOCORRELAÇÃO ESPACIAL DE PICADAS DE COBRA NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.56238/revgeov16n5-084Palavras-chave:
Envenenamento, Doença Tropical Negligenciada, Risco, Prevalência, Indice de MoranResumo
A picada de cobra constitui um problema de saúde pública global, com aproximadamente 2,7 milhões de casos anuais. No Brasil, sua notificação é compulsória, registrando-se cerca de 29.000 casos por ano, e o antiveneno é disponibilizado gratuitamente na rede pública de saúde. No município do Rio de Janeiro, observam-se cerca de 150 notificações anuais. Conhecer a distribuição espacial desses acidentes é fundamental para o planejamento e a alocação eficiente de soros antiofídicos. Este estudo teve como objetivo analisar a autocorrelação espacial das picadas de cobra no município do Rio de Janeiro entre 2007 e 2017. Trata-se de um estudo observacional, transversal, com dados provenientes do SINAN. As maiores taxas de prevalência concentraram-se na Zona Oeste, área onde estão localizadas as duas unidades de referência no atendimento a envenenamentos. O índice de Moran foi de 0,46, com significância estatística elevada (p < 0,001), indicando autocorrelação espacial positiva e dependência entre bairros. O Índice de Moran Local (LISA) confirmou a Zona Oeste como área de maior risco de incidência. Os bairros mais afetados mostraram crescimento populacional e aumento de domicílios ocupados, sugerindo intensa expansão territorial. O gênero Bothrops spp. foi responsável pela maioria dos casos de envenenamento. Cerca de metade das vítimas recebeu atendimento dentro do tempo considerado ideal para tratamento, demonstrando que, embora o acesso ao cuidado especializado exista, ainda há desafios na redução do tempo de resposta e na prevenção de casos.
Downloads
Referências
1. Chippaux, J. P., Massougbodji, A., & Habib, A. G. (2019). The WHO strategy for prevention and control of snakebite envenoming: A sub-Saharan Africa plan. Journal of Venomous Animals and Toxins Including Tropical Diseases, 25.
2. Schneider, M. C., [et al.]. (2021). Overview of snakebite in Brazil: Possible drivers and a tool for risk mapping. PLoS Neglected Tropical Diseases, 15, 1–18.
3. Minghui, R., Malecela, M. N., Cooke, E., & Abela-Ridder, B. (2019). WHO’s snakebite envenoming strategy for prevention and control. The Lancet Global Health, 7, e837–e838. https://doi.org/10.1016/S2214-109X(19)30225-6
4. da Silva, W. R. G. B., [et al.]. (2023). Who are the most affected by Bothrops snakebite envenoming in Brazil? A clinical-epidemiological profile study among the regions of the country. PLoS Neglected Tropical Diseases, 17, e0011708.
5. Harrison, R. A., Casewell, N. R., Ainsworth, S. A., & Lalloo, D. G. (2019). The time is now: A call for action to translate recent momentum on tackling tropical snakebite into sustained benefit for victims. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, 113, 834–837. https://doi.org/10.1093/trstmh/try134
6. Qamruddin, R. M., [et al.]. (2023). Frequency, geographical distribution and outcomes of pit viper bites in Malaysia consulted to Remote Envenomation Consultancy Services (RECS) from 2017 to 2020. PLoS Neglected Tropical Diseases, 17.
7. Castro-Pinheiro, C., [et al.]. (2024). Effect of seaweed-derived fucoidans from Undaria pinnatifida and Fucus vesiculosus on coagulant, proteolytic, and phospholipase A2 activities of snake Bothrops jararaca, B. jararacussu, and B. neuwiedi venom. Toxins, 16.
8. World Health Organization. (2025). Snakebite. https://www.who.int/health-topics/snakebite#tab=tab_1
9. Dossou, A. J., Fandohan, A. B., Omara, T., & Chippaux, J. P. (2024). Comprehensive review of epidemiology and treatment of snakebite envenomation in West Africa: Case of Benin. Journal of Tropical Medicine, 2024, 10 pages.
10. da Silva, F. F. B., Moura, T. de A., Siqueira-Silva, T., Gutiérrez, J. M., & Martinez, P. A. (2024). Predicting the drivers of Bothrops snakebite incidence across Brazil: A spatial analysis. Toxicon, 250, 108107.
11. Gutiérrez, J. M. (2020). Snakebite envenoming from an Ecohealth perspective. Toxicon X, 7.
12. World Health Assembly. (2018). Addressing the burden of snakebite envenoming. 17, 24–26.
13. Takayasu, B. S., Rodrigues, S. S., Madureira Trufen, C. E., Machado-Santelli, G. M., & Onuki, J. (2023). Effects on cell cycle progression and cytoskeleton organization of five Bothrops spp. venoms in cell culture-based assays. Heliyon, 9, 2405–8440.
14. Mise, Y. F., Lira-da-Silva, R. M., & Carvalho, F. M. (2019). Fatal snakebite envenoming and agricultural work in Brazil: A case–control study. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, 100, 150–154.
15. World Health Organization. (2019). Snakebite: WHO targets 50% reduction in deaths and disabilities. https://www.who.int/news/item/06-05-2019-snakebite-who-targets-50-reduction-in-deaths-and-disabilities
16. Longbottom, J., [et al.]. (2018). Vulnerability to snakebite envenoming: A global mapping of hotspots. The Lancet, 392, 673–684.
17. Collinson, S., Lamb, T., Cardoso, I. A., Diggle, P. J., & Lalloo, D. G. (2025). A systematic review of variables associated with snakebite risk in spatial and temporal analyses. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, 119, 1084–1099.
18. Schneider, M. C., [et al.]. (2021). Snakebites in rural areas of Brazil by race: Indigenous the most exposed group. International Journal of Environmental Research and Public Health, 18.
19. Ministério da Saúde. (2025). Portal SINAN. https://portalsinan.saude.gov.br/
20. Russell, J. J., Schoenbrunner, A., & Janis, J. E. (2021). Snake bite management: A scoping review of the literature. Plastic and Reconstructive Surgery - Global Open, 9, e3506. https://doi.org/10.1097/GOX.0000000000003506
21. Isbister, G. K. (2023). Antivenom availability, delays and use in Australia. Toxicon X, 17, 100145.
22. Oliveira, I. C. da S. de, [et al.]. (2022). Biodiversidade de serpentes: Ferramentas educativas para a conservação das espécies. Research, Society and Development, 11, e67111334892.
23. Amorim, A. P. da C. F. de, & Santos, M. F. dos. (2023). Animais terrestres peçonhentos de importância médica no Brasil. In G. M. da Costa & IMEA (Eds.), Saúde: Pesquisa, tecnologia e aplicabilidade (Vol. 1). João Pessoa.
24. Duque, B. R., [et al.]. (2023). Venomous snakes of medical importance in the Brazilian state of Rio de Janeiro: Habitat and taxonomy against ophidism. Brazilian Journal of Biology, 83, e272811.
25. Amorim, A. P. da C. F. de, Santos, M. F. dos, & Amorim, J. F. de. (2025). Acidentes com animais peçonhentos e a importância das medidas protetivas: Um estudo no município de Três Rios de 2014 a 2023. Revista Foco, 18, e7586.
26. Ministério da Saúde. (2021). DATASUS - Ministério da Saúde. https://datasus.saude.gov.br/
27. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2025). IBGE | Cidades@ | Rio de Janeiro | Rio de Janeiro | Panorama. https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rj/rio-de-janeiro/panorama
28. DATARIO. (2025). Censo 2022: População e domicílios por bairros (dados preliminares). https://www.data.rio/datasets/fd354740f1934bf5bf8e9b0e2b509aa9_2/explore?showTable=true
29. Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos. (2025). Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos - R.J. https://desenvolvimentourbano.prefeitura.rio/estrutura-da-secretaria/subsecretaria-planejamento-urbano/coordenadoria-de-planejamento-local/
30. Luzardo, A. J. R., Filho, R. M. C., & Rubim, I. B. (2017). Análise espacial exploratória com o emprego do índice de Moran. GEOgraphia. https://www.periodicos.uff.br/geographia/article/view/13807/9007
31. Buzai, G. D., & Galbán, E. M. (2012). Estadística espacial: Fundamentos y aplicación con sistemas de información geográfica.
32. Fundação Nacional de Saúde. (2001). Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos. Ministério da Saúde. https://doi.org/10.22278/2318-2660.1996.v1.n2.a1256
33. Filho, G. A. P., Vieira, W. L. S., & França, F. G. R. (2020). Serpentes de importância médica no Brasil.
34. Costa, M., Freire, E. M. X., & Campos, R. (2020). Serpentes da Caatinga: Prevenir. Sim; matar, não! (pp. 15–38). https://labherpeto.cb.ufrn.br/pdf/manual.pdf
35. Ministério da Saúde. (2022). Guia de vigilância em saúde (pp. 1019–1024). https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_vigilancia_saude_5ed_rev_atual.pdf
36. Isaacson, J. E., [et al.]. (2023). Antivenom access impacts severity of Brazilian snakebite envenoming: A geographic information system analysis. PLoS Neglected Tropical Diseases, 17, 1/19.
37. Bravo-Vega, C., Santos-Vega, M., & Cordovez, J. M. (2022). Disentangling snakebite dynamics in Colombia: How does rainfall and temperature drive snakebite temporal patterns? PLoS Neglected Tropical Diseases, 16.
38. Wegermann, K., & Kettermann, B. J. (2020). O desmatamento da floresta amazônica e as consequências da fragmentação de habitats naturais: Como a degradação ambiental impulsiona o surgimento de zoonoses. https://doi.org/10.51162/brc.dev2020-00055
39. Garcia, L. C., Viana, J. N. L., & Lima, C. M. S. (2023). Gestão de risco, vulnerabilidade ambiental e a questão climática na gestão metropolitana. Cadernos Metrópole, 25, 875–897.
40. Prefeitura do Município do Rio de Janeiro. (2012). Corredores verdes. Relatório do Grupo de Trabalho (Resolução SMAC P no183 de 07.11.2011).
41. Kono, I. S., Pandolfi, V. C. F., Marchi, M. N. A. de, Freitas, N., & Freire, R. L. (2024). Unveiling the secrets of snakes: Analysis of environmental, socioeconomic, and spatial factors associated with snakebite risk in Paraná, Southern Brazil. Toxicon, 237, 107552.
42. Ediriweera, D. S., De Silva, T., Kasturiratne, A., De Silva, H. J., & Diggle, P. (2022). Geographically regulated designs of incidence surveys can match the precision of classical survey designs whilst requiring smaller sample sizes: The case of snakebite envenoming in Sri Lanka. BMJ Global Health, 7, 9500.
43. Ochoa, C., [et al.]. (2021). Estimating and predicting snakebite risk in the Terai region of Nepal through a high-resolution geospatial and One Health approach. Scientific Reports, 11, 23868.
44. Castro-Amorim, J., [et al.]. (2023). Catalytically active snake venom PLA2 enzymes: An overview of its elusive mechanisms of reaction. Journal of Medicinal Chemistry, 66, 5364–5376.
45. Fortes, I. de B., & Dias, J. M. de M. (2023). A importância da educação ambiental para a conscientização das populações no entorno de unidades de conservação: O caso do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba. Revista Brasileira de Educação Ambiental (RevBEA), 18, 148–170.
46. Oliveira, L. P. de, [et al.]. (2020). Snakebites in Rio Branco and surrounding region, Acre, western Brazilian Amazon. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 53, 1–8.
47. Matos, R. R., & Ignotti, E. (2020). Incidence of venomous snakebite accidents by snake species in Brazilian biomes. Ciência & Saúde Coletiva, 25, 2837–2846.
48. Oliveira, N. da R., Silva, T. M., Sousa, A. C. da R., & Ferreira, K. K. da S. (2022). Epidemiologia de acidentes ofídicos no Brasil (2000–2018). https://editorarealize.com.br/editora/anais/conapesc/2022/TRABALHO_COMPLETO_EV177_MD1_ID1089_TB433_10082022145016.pdf
49. Souza, L. A. de, Silva, A. D., Chavaglia, S. R. R., Dutra, C. M., & Ferreira, L. A. (2021). Profile of snakebite victims reported in a public teaching hospital: A cross-sectional study. Revista da Escola de Enfermagem, 55, 1–7.
50. Tednes, M., & Slesinger, T. L. (2021). Evaluation and treatment of snake envenomations. StatPearls. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK553151/
51. Knudsen, C., [et al.]. (2021). Snakebite envenoming diagnosis and diagnostics. Frontiers in Immunology, 12. https://doi.org/10.3389/fimmu.2021.661457
52. Lee, S., Lee, J., & Min, K. D. (2025). Association between deforestation and the incidence of snakebites in South Korea. Animals, 15, 198.
53. Malhotra, A., [et al.]. (2021). Promoting co-existence between humans and venomous snakes through increasing the herpetological knowledge base. Toxicon X, 12, 100081.